Goleiro engata sequência de jogos no Brasileiro e fala como será quando ver seu ídolo esquentando o banco
O Palmeiras começa a se acostumar com a ideia de não contar mais com Marcos. O eterno camisa 12, que ganhou até apelido de santo, não consegue se recuperar de sua lesão no joelho esquerdo e já acumula uma longa lista de idas ao departamento médico durante a carreira. Justamente por isso, Deola já se prepara para ser o novo dono da meta palmeirense. Considerando-se predestinado, o goleiro diz que está pronto para segurar toda a pressão de ser o titular de Felipão.
Paranaense, casado, com 27 anos, e uma filha de quase dois anos, Deola conversou com o iG sobre como tem sido vestir a camisa palmeirense e explicou como foi que tudo começou. Além disso, disse que vai encarar com naturalidade ao ver seu ídolo Marcos no banco de reservas.
Deola já é o goleiro que mais jogou com Felipão. Fez 13 jogos contra sete de Marcos. Ele tem contrato até 2012, mas pretende renovar seu vínculo em breve. O goleiro está no Palmeiras desde 1999 e projeta entrar para a seleta lista de ídolos do clube
Confira a entrevista completa de Deola:
iG: Como tem sido essa pressão de vestir a camisa do Palmeiras, clube que tem a fama de revelar ótimos goleiros?
Deola: Tem de se empenhar ao máximo para poder representar o que a escola de goleiros do Palmeiras é. Então é complicado. São poucos os que podem estar aqui. E é uma responsabilidade muito grande. Isso daqui é um legado de muitos anos.
iG: E como vai ser um dia olhar para o seu banco de reservas e ver o Marcos?
Deola: Um dia vai acontecer, pode ser daqui um ou dois anos. Não é uma coisa impossível. É uma coisa normal do futebol. Assim como eu vou parar e quem estiver no meu banco vai assumir. Tem de pensar com naturalidade. Se você sentir pressão por ver o Marcão no banco, você não vai bem. Se você estiver jogando, você tem de acreditar que você está preparado.
iG: Você já tem uma década de Palmeiras e foi conseguir uma chance só agora, com 27 anos. Foi uma estreia tardia?
Deola: É lógico que quanto antes você puder jogar é melhor. Eu queria ter estreado com 17 anos. Isso é muito bom. Mas, com o passar do tempo, a idade também te ajuda. Ela te dá a condição de ser menos afoito. Você aprende a lidar com as críticas, coisas que os mais novos não sabem. Claro que eu queria ter estreado mais cedo. Mas pelas circunstâncias do clube que eu estou e por ter um excelente goleiro que está acima de mim eu entendi. Tudo tem seu tempo.
iG: Você foi muito emprestado. Passou por quatro clubes diferentes. Chegou a pensar que não voltaria mais ao Palmeiras?
Deola: Não foi o Palmeiras que quis me emprestar, eu que quis sair. Tanto é que a primeira oportunidade que apareceu eu conversei bastante com o Cyrillo [José Cyrillo, atual diretor administrativo], que é uma pessoa que dava o suporte para a base. Ele não queria me emprestar. Pois eu estava sendo visto com bons olhos. Mas tinha Marcos, Sérgio e Diego, por isso vi a chance de poder jogar quando o Guarani veio atrás de mim. Mas eu nunca senti que não voltaria. Sempre usei as minhas saídas para estar bem para a hora certa.
iG: Você sempre quis jogar bola? Sempre quis o Palmeiras?
Deola: O Palmeiras foi por acaso. Aos 14 anos, eu larguei tudo e vim para São Paulo sozinho. Fiz alguns testes e não passei e parei no Atlético de Sorocaba. Em 1999, fiz um jogo contra a base do Palmeiras e a gente ganhou daquele time que era ótimo e eu fui contratado. Mas tem uma coincidência, uma história que meu pai sempre me conta. Quando eu nasci, ele foi atrás de uma chuteira para pendurar na porta da maternidade e ele não achou. Achou um tênis normal. Minha vizinha também ia me dar um presente e pegou uma camisa verde e bordou o símbolo do Palmeiras e pendurou lá também. Aí meu pai foi pendurar e a camisa já estava lá. Ele só colocou o tênis e ficou essa coisa de destino. E deu certo bem no Palmeiras. Eu nunca imaginava. Foi uma coisa predestinada mesmo.
iG: E agora com parte do sonho realizada. Dá para imaginar em encerrar a carreira no Palmeiras?
Deola: Hoje, poucas pessoas ficam no mesmo clube. Acontece quase sempre com goleiro, pois os jogadores já perderam aquela identificação. Eu já estou há 10 anos no Palmeiras e tenho certo prestígio. Por isso, não me vejo em nenhum outro time do Brasil. Iria para fora só se for vantajoso para os dois lados. Quero continuar o meu trabalho, estar sempre bem e pensar em ser titular do Palmeiras. Sem isso, eu nunca vou conseguir uma chance na seleção brasileira.
iG: Tem algo que você dá mais atenção nos treinos?
Deola: Precisa trabalhar tudo. A partir do momento que a pessoa acha que já sabe tudo ela começa a cair de rendimento. Uma das minhas melhores qualidades é a agilidade, mas se eu parar de treinar e achar que eu sou rápido para sempre, eu fico lento. Então preciso aperfeiçoar tudo, posição, velocidade, reposição. Com a sequência de jogo a gente pega uma noção ainda melhor disso.
iG: Por falar em dentro de campo, o Palmeiras demorou para engrenar. Você sentiu muito? Será que se não fosse o Felipão, o técnico já teria caído?
Deola: É ruim quando os resultados não acontecem, pois o primeiro a ter culpa é o goleiro, mesmo não tendo. Ainda mais eu que começo agora. Se fosse o Marcos não ia ter tanta culpa. Em momento nenhum eu me abalei e agora o time engrenou. Quanto ao Felipão, é difícil falar. Ele chegou com um grupo que não era o dele e está colocando a filosofia de jogo dele. Quando seu time fala a mesma língua, fica mais fácil ter resultado. Acho que a diretoria fez certo em manter. A cada troca, tudo aquilo que você aprendia passa a ficar errado.
iG: Salário e diretoria. O que realmente muda quando vocês recebem e o que pode mudar com a nova diretoria?
Deola: Quando a gente trabalha, a gente gosta de receber. Ninguém aqui faz serviço comunitário. Todo mundo tem despesa e família e nossas contas precisam ser pagas em dia. Mas ninguém vai morrer de fome se ficar sen um ou dois salários. Já passei por outras dificuldades no Palmeiras e eles sempre honraram. O que deixa muito triste é ouvir que a gente só ganha depois de receber, que nem falaram contra o Grêmio. A gente não tinha recebido um tostão ali. Já na diretoria, eu gostava para caramba dos outros e eles sempre cumpriram tudo o que prometeram, com uma pequena exceção agora no fim. Agora vem a nova diretoria, caras que eu já conheço há 10 anos e sei que querem o bem do Palmeiras. Para mim, não muda nada. E torço muito para a recuperação de Belluzzo, que é um cara sensacional.
Um comentário:
Deola, meu goleiro!
Sei que vc naum tem culpa por penaltis bobos assinalados contra nosso Palmeiras, porém analise com o preparador de goleiros e veja a qtdade de penaltis batidos no meio do gol hj em dia.
Fica parado em todas as cobranças, como a contra o Botafogo, vc pegará muitos penaltis, muitos mesmo. E nos ajudará cada vez mais.
Elesbão - palmeirense.
Postar um comentário